"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
O que confesso não tem importância, pois nada tem importância.
Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações.
Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida.
(...)
Estas confissões de sentir são paciências minhas.
Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino.
Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia.
Desenrolo-me como uma meada multicolor "tricolor", ou faço comigo figuras de cordel,
como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras.
Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete.
Depois viro a mão e a imagem fica diferente.
E recomeço."
Como sempre, as preciosas e sábias palavras de um certo poeta Português ...